O Ethereum é o segundo maior protocolo do universo dos criptoativos e a maior rede de contratos inteligentes do mercado. Diferentemente do Bitcoin, que está em um estado bem mais avançado como rede descentralizada, a Ethereum tem passado por constantes atualizações, que tem como objetivo trazer melhorias para a rede.
Uma dessas atualizações foi o The Merge, que alterou o mecanismo de consenso da Ethereum. Com a mudança, a rede deixou de usar o processo de mineração com a prova de trabalho (PoW) e passou a usar o processo de validação de transações com a prova de participação (PoS).
No novo processo, os usuários que desejam ser validadores da rede armazenam uma certa quantidade de ethers no protocolo, em uma atividade chamada staking. As moedas ficam trancadas enquanto o usuário espera pela sua rodada de validação de transações. Esses tokens ficam bloqueados porque, em caso de desonestidade por parte dos validadores, eles devem ser confiscados como punição. Com o fim do processo de validação, os tokens e as recompensas dos validadores são destravados.
Entretanto, na rede Ethereum, o processo contínuo de destrave desses tokens ainda não ocorre. Isso porque o The Merge foi uma atualização tão grande que, para a equipe de desenvolvimento, seria melhor postergar a atualização que permitisse o desbloqueio dos tokens.
Atualmente, existem cerca de 16 milhões de ethers em staking, muitos dos quais estão trancados desde antes da atualização ocorrer.
Então, o próximo grande passo para a Ethereum é a atualização Shanghai Hard Fork, que tem como objetivo destravar para os validadores esses ethers que estão no processo de staking.
O Shanghai Hard Fork deve ser motivo de preocupação?
Com a atualização Shanghai, espera-se que os ethers que estavam presos em staking sejam liberados. Isso pode aumentar a quantidade de ethers disponíveis no mercado, o que pode causar uma pressão vendedora no ether e, consequentemente, afetar o seu preço.
No entanto, esse aumento na oferta de ethers deve ser controlado, já que haverá uma ordem onde os ether serão liberados aos poucos.
No geral, a atualização deve ser positiva e acompanhada por uma maior procura pelo serviço de staking, já que o mecanismo se tornará totalmente funcional. Além disso, a Ethereum é a rede PoS com o menor percentual de tokens em staking, apenas 14%, uma quantidade pequena em relação às outras redes, que possuem entre 50% e 80% dos tokens em staking.
Com a procura, a tendência é que mais tokens sejam trancados, diminuindo a oferta circulante.
Caso seja bem-sucedida, a atualização deverá aumentar o interesse dos investidores institucionais no protocolo, já que muitos aguardam para ver se os tokens serão desbloqueados com sucesso. A entrada de investidores como grandes companhias deve aumentar a liquidez do ativo e causar uma maior demanda.
Por fim, independentemente se o Shanghai causará ou não um “despejo” de ethers no mercado, a atualização promove a normalização das dinâmicas de oferta e demanda do token, da mesma forma que outros ativos.
A atualização Shanghai deve acontecer entre o final do mês de março e o começo de abril.
Quais são os próximos passos?
Além da atualização Shanghai, a Ethereum tem outras atualizações previstas para os próximos anos, como a The Surge, a The Verge, a The Splurge e a The Purge.
A The Surge refere-se ao sharding, que melhorará a escalabilidade do protocolo, permitindo mais transações por segundo. Além disso, com o sharding, os validadores não precisarão mais armazenar todo o banco de dados, o que ajudará a reduzir os custos de armazenamento.
A The Verge tem como objetivo melhorar ainda mais a eficiência da rede, permitindo que ela processe mais transações por segundo e torne a Ethereum mais escalável.
Já a The Splurge tem como objetivo trazer melhorias na governança da rede, tornando-a mais descentralizada e dando mais poder aos usuários na tomada de decisões importantes para a rede.
Por fim, a The Purge tem como objetivo limpar a rede Ethereum de contratos inteligentes obsoletos ou inativos, liberando espaço para novos contratos e melhorando a eficiência da rede como um todo.
Assim, os desenvolvedores da Ethereum têm trabalhado na evolução constante do protocolo, objetivando melhorar a usabilidade e os casos de uso da rede. A Shanghai é apenas mais um passo no roteiro da rede, que tem sido muito bem-sucedido.
Conclusão
A Shanghai deverá concluir um processo iniciado antes mesmo do The Merge, normalizando os fluxos de depósito e saque para validadores da rede. Apesar de poder causar um choque inicial com a maior oferta de ethers no mercado, a atualização é um grande passo, capaz de atrair a atenção de investidores para o protocolo.
Juntamente com as demais atualizações a serem implementadas na rede, a Ethereum se encaminha para ser uma rede melhor em termos de governança, segurança e eficiência.