A mineração de bitcoin é o processo em que novas unidades da moeda são emitidas, por meio da resolução de complexos quebra-cabeças matemáticos. Esse sistema é conhecido como Proof-of-Work, em que a energia gasta pelos mineradores é utilizada para gerar a prova de que as transações são legítimas.
Apesar de ser um dos princípios basilares para o funcionamento do bitcoin, muitas pessoas ainda não entendem a sua importância e acreditam ser um mecanismo obsoleto, principalmente após a rede Ethereum ter adotado o mecanismo Proof-of-Stake, que não emprega energia e poder computacional como forma de validar transações.
Assim, a falta de discussões mais aprofundadas sobre o assunto criou um ambiente propício para a disseminação de desinformação, como o argumento de que o bitcoin consome energia de forma agressiva, perigosa ao meio ambiente e por isso seria um desperdício. Porém, será que isso tudo é mesmo verdade?
Os números da mineração
Segundo um modelo de acompanhamento criado pela Universidade de Cambridge, o bitcoin consome 0,46% de toda a energia global disponível. Parece muito? Na verdade, não é. De acordo com o modelo, apesar de a rede do Bitcoin consumir mais energia do que alguns países, ela ainda seria equivalente a apenas metade de toda a energia que é desperdiçada com ineficiências na distribuição de energia apenas nos Estados Unidos, e cerca de apenas 1/6 da energia que a indústria petroleira desperdiça no processamento de óleo e gás. O modelo ainda aponta que o gasto do bitcoin, de cerca de 98TWh, é menor até mesmo do que o gasto dos EUA com freezers de congelamento, de 103TWh.
Então, se o gasto energético é tão menor do que muitos afirmam, a capacidade da rede também é pequena, certo? Errado. A capacidade de processamento da rede do Bitcoin é de cerca de 250 exahashes, o que faz dela a rede computacional mais poderosa e segura do mundo. Mas e quanto as emissões de gás de efeito estufa? Ainda segundo o modelo de acompanhamento, a rede Bitcoin corresponde a apenas 0,10% das emissões globais de CO2 e outros gases que aceleram o aquecimento do planeta, menor até do que a indústria de produção de tabaco. Além disso, os mineradores têm cada vez mais incentivos para usar energia de fontes renováveis ou menos agressivas, criando uma matriz energética limpa. E é aqui que entra um ponto muito importante: a capacidade de aumentar a eficiência energética mundial que a mineração de bitcoin pode proporcionar.
O potencial da mineração
A mineração através do Proof-of-Work é um dos aspectos que proporciona valor para o bitcoin, além de ser peça fundamental para conferir a ele segurança, escassez e atributos para ser um dinheiro verdadeiramente descentralizado e forte.
Poderíamos finalizar com essa demonstração, de que a mineração de bitcoin na verdade é tão valiosa, que compensa e muito o gasto energético envolvido no processo de funcionamento da rede.
Contudo, queremos ir mais fundo, e demonstrar que muito além de não negativa, a mineração de bitcoin pode na verdade ajudar a salvar o planeta, pois vem utilizando cada vez mais fontes sustentáveis e alternativas de energia.
Um exemplo é a utilização da mineração para evitar o flaring, processo em que a indústria petroleira queima o gás metano resultante de suas atividades para transformá-lo em CO2 e liberar na atmosfera, o que gera uma pegada ambiental menor do que apenas despejar o metano em sua forma natural. Porém, ao queimar o gás, a indústria desperdiça uma enorme fonte de energia potencial, já que o gás metano pode ser utilizado em reações que geram energia, alimentando processadores de gás natural em um processo que também gera o gás CO2 (menos poluente) e ainda fornece energia.
Uma alternativa à queima do gás é a compra dessa commodity por mineradoras de bitcoin, que podem seguir o processo de geração de energia e alimentar fazendas de mineração. Segundo os pesquisadores de Cambridge, atualmente, a conversão do flaring em mineração seria capaz de suprir toda a demanda energética do bitcoin em quase sete vezes, gerando riqueza sem emitir uma molécula a mais de CO2 do que já se produziria de qualquer forma.
A estratégia da compra desse gás já é adotada com sucesso por algumas mineradoras, como a Arthur Mining, que também é atenta a questões ESG e “Green Bitcoin”, unidades de BTC produzidas sem qualquer pegada ambiental. Outros exemplos de mineradoras que adotam essa técnica são a Crusoe Energy e a EZBlockchain.
Já outras iniciativas de mineração sustentável incluem biodigestores, que utilizam a decomposição de lixo orgânico para gerar energia e também mineração com óleo doméstico usado.
O primeiro caso já é pesquisado por grandes mineradoras do setor, como a própria Arthur Mining, enquanto a segunda forma tem sido explorada no projeto “Lago Bitcoin”, que busca utilizar financiamento por bitcoin e mineração com óleo doméstico para ajudar um vilarejo onde vivem pessoas de baixa renda na Guatemala. Além disso, o descarte do material também é feito seguindo normais ambientais.
É extraordinário saber que a utilização de fontes de energia alternativas e sustentáveis para a mineração de bitcoin ainda tem um grande espaço para crescer e assim ajudar a manter a rede mais segura do mundo e a forma de dinheiro mais forte já inventada a expandir em adoção.
Além disso, tem sido desenvolvido por pesquisadores chips de mineração mais acessíveis, para possibilitar o aproveitamento de diversas outras fontes de energia, desde as mais simples até as mais complexas.
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Conclusão
A mineração de bitcoin é uma forma de geração de riqueza e promoção da honestidade entre os participantes da rede, uma vez que uma transação fraudulenta tem chance quase nula de ser inserida na blockchain. Os argumentos contrários ao mecanismo de Proof-of-Work são emitidos principalmente por fontes que têm medo de perder seu monopólio sobre o dinheiro ou não entendem nada sobre o assunto, já que pesquisas comprovam que a rede é, na verdade, pouco agressiva com o meio –ambiente e caminha para se tornar cada vez mais verde.
No futuro, minerar bitcoin pode ser algo mais comum do que imaginamos e uma fonte única de prosperidade.
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Por Thiago Rigo